Bula do Medicamento - Farmacologia do Remédio
Lami, em associação com outros agentes antirretrovirais, é indicado para o tratamento de infecções pelo vírus da imunodeficiência humana ( HIV ) em adultos e crianças.
A lamivudina , princípio ativo de Lami, pertence a um grupo de medicamentos antivirais , também conhecidos como antirretrovirais, chamado de inibidores da transcriptase reversa análogos de nucleosídeo (ITRNs).
Eles são usados para tratar infecções pelo HIV.
Lami não cura a infecção pelo HIV. Este medicamento reduz a quantidade do vírus HIV no seu corpo, mantendo-o em níveis baixos.
Lami também aumenta a contagem de células CD4.
Essas células são um dos tipos de glóbulos brancos do sangue e desempenham importante papel na defesa e manutenção do sistema imune (de defesa), bem como no combate às infecções.
Lami demonstrou reduzir bastante o risco de progressão da doença provocada pelo HIV. A resposta ao tratamento, porém, varia de acordo com o paciente.
Seu médico irá monitorar a eficiência do seu tratamento.
Não use este medicamento caso você seja alérgico à lamivudina ou a qualquer um dos componentes de Lami.
Uso oral.
Deve-se utilizar a seringa fornecida para medir precisamente a dose recomendada pelo médico.
Use sempre Lami exatamente como seu médico lhe receitou.
A dose usual de Lami em adultos e adolescentes acima de 12 anos é de 300 mg (30 mL) por dia.
Podem ser administrados 150 mg (15 mL) duas vezes ao dia, ou 300 mg (30 mL) uma vez ao dia.
A dose recomendada de Lami para crianças de 3 meses a 12 anos de idade é de 4 mg/kg, duas vezes ao dia, até o máximo 300 mg (30 mL)/dia.
Os dados são insuficientes para recomendar doses específicas.
Se você tem problemas nos rins, sua dose pode ser reduzida. Por favor, siga as instruções fornecidas pelo seu médico.
Não é necessário ajustar a dose em pacientes portadores de disfunção do fígado moderada ou grave, exceto se for acompanhada de insuficiência renal.
É aconselhável que se tenha cuidado especial devido a várias alterações associadas a essa faixa etária, como diminuição da função dos rins e alteração dos parâmetros do sangue.
O tratamento com Lami não previne o risco de transmissão do vírus HIV pelo contato sexual ou por contaminação sanguínea.
As precauções apropriadas devem continuar sendo tomadas.
Siga a orientação do seu médico, respeitando sempre os horários, as doses e a duração do tratamento.
Não interrompa o tratamento sem o conhecimento do seu médico.
Caso você se esqueça de tomar uma dose, tome-a assim que se lembrar e então continue com o esquema prescrito.
Não tome doses dobradas para repor doses esquecidas.
Em caso de dúvidas, procure orientação do farmacêutico ou do seu médico ou cirurgião-dentista.
A lamivudina não é recomendada para ser usada como único medicamento no tratamento da infecção pelo HIV.
Não pare de tomar a medicação, a não ser por orientação médica.
Você precisará tomar Lami todos os dias.
Este medicamento ajuda a controlar sua condição e retarda o avanço da doença, mas não cura a infecção por HIV. Você pode continuar a desenvolver infecções e outros males associados à doença pelo HIV. Não deixe de visitar seu médico regularmente.
Durante o tratamento, seu médico irá recomendar a realização de exames de sangue, para avaliar seu tratamento e monitorar as possíveis reações adversas.
Os pacientes diabéticos devem levar em consideração que Lami solução oral contém sacarose.
Atenção: Este medicamento contém açúcar.
Atenção: O tratamento com a lamivudina não demonstrou reduzir o risco de transmissão do HIV por contato sexual ou transfusão de sangue.
Você deve continuar a tomar as devidas precauções para prevenir a transmissão do vírus, como o uso de preservativos e não compartilhar agulhas.
Discuta o uso de Lami (lamivudina) com seu médico, caso você tenha problemas nos rins.
A dose padrão de Lami poderá ser reduzida.
Inflamação do pâncreas (pancreatite) tem sido observada em alguns pacientes que tomam lamivudina.
Entretanto, ainda não está claro se isso se deve ao tratamento com o medicamento ou à doença provocada pelo HIV.
Os sintomas são dores abdominais, náuseas e vômitos .
Se você desenvolver esses sintomas, avise seu médico.
A classe de medicamentos a qual pertence a lamivudina, os ITRNs, pode causar uma condição chamada acidose láctica (excesso de ácido láctico no sangue), assim como aumento do fígado.
Esse efeito colateral é raro, porém sério, mas grave e pode ser fatal.
A acidose láctica ocorre com mais frequência em mulheres e nos pacientes que tinham doença hepática antes de iniciar o tratamento.
Os sinais de acidose láctica incluem dificuldades para respirar, sonolência, dormência ou fraqueza nos membros, enjoo, vômito e dor de estômago.
Seu médico irá monitorar regularmente esse efeito enquanto você estiver usando Lami.
Pode ocorrer redistribuição, acúmulo ou perda de gordura corporal em pacientes que recebem tratamento combinado com antirretrovirais.
Consulte seu médico caso perceba mudanças na sua gordura corporal, como perda de gordura nas pernas, braços ou rosto, acúmulo de gordura na região abdominal ou na parte de trás do pescoço ou parte superior das costas.
Dentro das primeiras semanas de tratamento com medicamentos antirretrovirais, alguns pacientes vivendo com HIV, principalmente os que são positivas para esse vírus há algum tempo e com histórico de infecções oportunistas (infecções que podem ocorrer quando o sistema imunológico está enfraquecido), podem desenvolvem reações inflamatórias (como dor, vermelhidão, inchaço e febre ) que podem assemelhar-se a infecções e causar problemas graves.
Acredita-se que essas reações sejam causadas pela recuperação parcial da capacidade do organismo de combater infecções, anteriormente reprimida pelo HIV.
Se você ficar preocupado com qualquer novo sintoma ou alteração na sua saúde após o início do tratamento contra o HIV, por favor, converse com seu médico.
Os pacientes em tratamento com lamivudina ou qualquer outro antirretroviral ainda podem desenvolver infecções oportunistas (infecções que podem ocorrer quando o organismo está enfraquecido), devido a complicações da infecção pelo HIV.
Portanto, o médico deverá acompanhar rigorosamente o seu tratamento.
Se você tem hepatite B crônica, não interrompa o tratamento sem orientação do seu médico, pois poderá haver recorrência (retorno) de sua hepatite .
Essa recorrência poderá ser mais grave se você tiver uma doença séria no fígado.
É importante você avisar seu médico sobre qualquer outro medicamento que você usa. Por isso, se você toma ou tomou recentemente algum outro medicamento, informe isso a seu médico. Fale inclusive sobre os que você usa sem prescrição médica.
Outros medicamentos podem afetar a ação de lamivudina, assim como a lamivudina pode afetar a ação de outros medicamentos.
A lamivudina não deve ser administrada junto com zalcitabina e entricitabina.
Alguns medicamentos podem afetar a ação da lamivudina ou tornar mais provável a ocorrência de efeitos secundários, como sulfametoxazol-trimetoprima (também conhecido como cotrimoxazol, um antibiótico utilizado no tratamento de alguns tipos de pneumonia ou toxoplasmose ).
Informe seu médico ou cirurgião-dentista se você está fazendo uso de algum outro medicamento.
Não use medicamento sem o conhecimento do seu médico. Pode ser perigoso para a sua saúde.
Como todo medicamento, Lami pode causar efeitos colaterais.
Durante o tratamento da infecção por HIV, nem sempre é possível determinar se algumas reações adversas são causadas por Lami, por outros medicamentos que você usa ao mesmo tempo ou pela doença provocada pelo HIV. Por isso, é muito importante que você mantenha seu médico informado sobre qualquer mudança na sua saúde.
Não se alarme com esta lista de efeitos colaterais; você pode não desenvolvê-los.
As reações adversas estão listadas abaixo de acordo com a frequência.
Podem ocorrer mudanças na distribuição da gordura corporal, bem como elevação na concentração de gorduras e de açúcar no sangue.
As mudanças na gordura corporal podem incluir perda de gordura nas pernas, braços e face, aumento da gordura na cintura e órgãos internos, aumento das mamas e crescimento da camada de gordura atrás do pescoço.
A incidência dessa reação adversa depende de muitos fatores, entre eles a combinação específica das drogas antirretrovirais.
Informe seu médico, cirurgião-dentista ou farmacêutico o aparecimento de reações indesejáveis pelo uso do medicamento.
Informe a empresa sobre o aparecimento de reações indesejáveis e problemas com este medicamento, entrando em contato através do Sistema de Atendimento ao Consumidor (SAC).
Não foi realizado nenhum estudo para investigar o efeito da lamivudina sobre essas atividades.
Devem ser levados em conta as condições clínicas do paciente e o perfil de efeitos adversos deste medicamento quando se pretende estabelecer a capacidade de o paciente tratado com lamivudina dirigir veículos ou operar máquinas.
Se você está grávida, planejando ficar grávida logo ou está amamentando, por favor, informe seu médico antes de usar este medicamento.
De forma geral, em crianças cujas mães usaram ITRNs durante a gravidez, é provável que o benefício da redução das chances de se transmitir o HIV seja maior do que o risco de o feto sofrer efeitos colaterais.
É importante pesar, cuidadosamente, o benefício de se usar lamivudina durante a gravidez, contra a possibilidade de efeitos adversos na criança antes ou depois do nascimento. Seu médico irá discutir esses riscos com você.
É recomendado que, quando possível, mulheres vivendo com HIV não amamentem seus filhos, para evitar a transmissão do HIV.
Em situações em que o uso de fórmulas infantis não é viável e o aleitamento materno durante o tratamento antirretroviral for considerado, seu médico deverá seguir os guias locais para amamentação e tratamento.
As substâncias ativas de Lami podem ser encontradas no leite materno.
Este medicamento não deve ser utilizado por mulheres grávidas sem orientação médica ou do cirurgião-dentista.
Lamivudina | 10 mg |
Veículo* | 1 ml |
*Sacarose, propilenoglicol, metilparabeno, propilparabeno, citrato de sódio di-hidratado, ácido cítrico, aroma de morango, aroma de banana, ácido clorídrico, hidróxido de sódio e água.
A ingestão acidental de grande quantidade de Lami dificilmente lhe causará problemas graves.
Entretanto, você deve consultar seu médico ou farmacêutico o mais rápido possível ou procurar a emergência do hospital mais próximo para aconselhamento.
Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento, procure rapidamente socorro médico e leve a embalagem ou bula do medicamento, se possível.
Ligue para 0800 722 6001 se você precisar de mais orientações.
A probabilidade de qualquer interação é baixa, em virtude de o fármaco apresentar metabolismo limitado e ligação reduzida com as proteínas plasmáticas, com eliminação renal quase completa na sua forma inalterada.
A Lamivudina é predominantemente eliminada pela secreção catiônica orgânica ativa. A possibilidade de interação com outras drogas deve ser considerada, particularmente quando a principal via de eliminação for a secreção renal ativa mediante o transporte catiônico orgânico, como é o caso da trimetoprima. Outras drogas, tais como a ranitidina e a cimetidina , são parcialmente eliminadas através desse mecanismo, mas não demonstraram interação com a Lamivudina.
É pouco provável que ocorram interações clinicamente significativas entre a Lamivudina e drogas que são predominantemente eliminadas tanto pela via de secreção aniônica orgânica ativa quanto pela filtração glomerular.
In vitro , a Lamivudina demonstra nenhuma ou fraca inibição de fármacos transportadores de ânions orgânicos 1B1 (OATP1B1) , OATP1B3, proteína resistente ao câncer de mama (BCRP) ou glicoproteína P (Pgp), proteína de extrusão de múltiplos fármacos e toxinas 1 (MATE1), MATE2- K ou transportadores de cátions orgânicos 3 (OCT3). Não é esperado, portanto, que a Lamivudina afete as concentrações plasmáticas de fármacos que são substratos desses transportadores.
A Lamivudina é um inibidor de OCT1 e OCT2 in vitro com valores de IC50 de 17 e 33 µM, respectivamente. No entanto, a Lamivudina tem baixo potencial para afetar as concentrações plasmáticas dos substratos de OCT1 e OCT2 a exposição terapêutica dos fármacos (até 300 mg).
A Lamivudina é de substrato in vitro de MATE1, MATE2 - K e OCT2. A trimetoprima (um inibidor destes transportadores de fármacos) tem demonstrado aumentar as concentrações plasmáticas de Lamivudina. No entanto, esta interação não é considerada clinicamente significativa e nenhum ajuste de dose da Lamivudina é necessário.
A Lamivudina é um substrato do transportador OCT1 de captação hepática. Como a eliminação hepática desempenha um papel menor na depuração de Lamivudina, interações medicamentosas devido à inibição da OCT1 são improváveis de ter significância clínica.
A Lamivudina é um substrato da Pgp e BCRP. No entanto, devido à sua elevada biodisponibilidade, é improvável que estes transportadores desempenhem um papel significante na absorção de deste fármaco. Portanto, é pouco provável que a coadministração de fármacos inibidores destes transportadores de efluxo afete a disposição e eliminação da Lamivudina.
A coadministração da solução de sorbitol (3,2g; 10,2g; 13,4g) com uma dose única de Lamivudina em solução oral resultou em diminuições dose-dependente de 14%, 32% e 36% na exposição da Lamivudina (AUC) e de 28%, 52% e 55% na C máx da Lamivudina em adultos. Quando possível, deve-se evitar a coadministração crônica de medicamentos que contenham sorbitol e Lamivudina . Deve-se considerar um monitoramento mais frequente da carga viral de HIV-1 quando a coadministração crônica não puder ser evitada.
Um aumento discreto na C máx da zidovudina (28%) foi observado quando essa droga é administrada em associação com a Lamivudina. Contudo, a área sob a curva não foi significativamente alterada. A zidovudina não exerce efeito sobre a farmacocinética da Lamivudina.
A administração de trimetoprima/sulfametoxazol, nas doses de 160 mg/800 mg, aumentou a concentração da Lamivudina em aproximadamente 40%, devido ao componente trimetoprima. No entanto, a menos que o paciente tenha alteração da função renal, nenhum ajuste de dosagem da Lamivudina é necessário. A Lamivudina não exerce nenhum efeito sobre a farmacocinética da trimetoprima e do sulfametoxazol. Os efeitos da associação da Lamivudina com doses maiores de trimetoprima/sulfametoxazol para o tratamento da pneumonia por Pneumocystis jiroveci e toxoplasmose não foram estudados.
Lamivudina pode inibir a fosforilação intracelular da entricitabina quando os dois produtos são administrados concomitantemente. Além disso, o mecanismo de resistência viral tanto para Lamivudina quanto para entricitabina é mediado através de mutação no mesmo gene da transcriptase reversa viral (M184V) e, consequentemente, a eficácia terapêutica desta combinação pode ser limitada. Assim, não é recomendado o uso de Lamivudina em combinação com entricitabina ou associações em dose fixa contendo entricitabina.
Lamivudina reduziu em 50% a dosagem sérica do RNA-HIV 1 em 75% dos pacientes, quando usado isoladamente, e em 94% dos pacientes, quando usado em combinação com a zidovudina 1 .
O Antiretroviral Pregnancy Registry recebeu relatos prospectivos de mais de 11.000 casos de exposição à Lamivudina durante a gravidez que resultaram em bebês nascidos com vida. Estes compreendem mais de 4.200 exposições durante o primeiro trimestre e mais de 6.900 exposições durante o segundo/terceiro trimestre, sendo o número de nascimentos com deficiências congênitas de 135 198, respectivamente. A prevalência (IC 95%) das deficiências congênitas no primeiro trimestre foi de 3,2% (2,6; 3,7%) e no segundo/terceiro trimestre de 2,8% (2,4; 3,2%). Dentre as grávidas da população de referência, a taxa de base das deficiências congênitas foi de 2,7%. Não houve aumento do risco das principais deficiências congênitas para Lamivudina comparando com a taxa de base observada nos registros ( Pregnancy Registry ).
Referências
1 ERON, JJ. et al. Treatment with lamivudine, zidovudine, or both in HIV-positive patients with 200 to 500 CD4+ cells per cubic millimeter. North American HIV Working Party. N Engl J Med, 333(25): 1662-1669, 1995.
Análogos de nucleosídeos.
A Lamivudina é um potente inibidor seletivo da replicação de HIV-1 e HIV-2 in vitro . É também ativa contra isolados clínicos de HIV resistentes a zidovudina. A Lamivudina é metabolizada intracelularmente ao 5’-trifosfato, a molécula ativa, cuja meia-vida intracelular é de 16-19 horas. O 5’-trifosfato de Lamivudina é um inibidor fraco das atividades dependentes do RNA e do DNA da transcriptase reversa do HIV. Seu principal mecanismo de ação é o término da cadeia de transcriptase reversa do HIV. Não foi observado antagonismo in vitro com a Lamivudina e outros antirretrovirais (agentes testados: abacavir, didanosina, nevirapina , zalcitabina e zidovudina).
A Lamivudina não interfere no metabolismo dos desoxinucleotídeos celulares e exerce pouco efeito sobre o conteúdo de DNA de mitocôndrias e células de mamíferos.
In vitro , a Lamivudina demonstra baixa citotoxicidade em linfócitos do sangue periférico, linhagens celulares estabelecidas de linfócitos e monócitos macrófagos e em uma variedade de células-mãe medulares. Portanto, possui, in vitro , alto índice terapêutico.
A resistência do HIV-1 à Lamivudina envolve o desenvolvimento de uma alteração no aminoácido M184V próximo ao sítio ativo da transcriptase reversa (TR) viral. Essa variante surge tanto in vitro quanto em pacientes vivendo com HIV-1 tratados com terapia antirretroviral que contém Lamivudina. Os mutantes M184V apresenta suscetibilidade altamente reduzida à Lamivudina e capacidade de replicação viral diminuída in vitro . Estudos in vitro indicam que os isolados virais resistentes à zidovudina podem tornar-se sensíveis a este fármaco quando simultaneamente adquirem resistência à Lamivudina. A relevância clínica de tais descobertas ainda não está bem definida.
A resistência cruzada conferida pela transcriptase reversa do M184V é limitada à classe de agentes antirretrovirais inibidores de nucleosídeos. A zidovudina e a estavudina mantêm sua atividade antirretroviral contra o HIV-1 resistente à Lamivudina. O abacavir mantém sua atividade antirretroviral contra o HIV-1 resistente à Lamivudina, abrigando somente a mutação do M184V. O M184V TR mutante apresenta suscetibilidade à didanosina e à zalcitabina quatro vezes menor. A significância clínica dessas descobertas permanece desconhecida. Os testes de sensibilidade in vitro ainda não foram padronizados, e os resultados podem variar de acordo com fatores metodológicos.
Demonstrou-se nos estudos clínicos que a Lamivudina em combinação com a zidovudina reduz a carga viral do HIV-1 e aumenta a contagem de células CD4. Os desfechos clínicos indicam que a Lamivudina em combinação com a zidovudina, ou combinada com regimes de tratamento que contêm zidovudina, resulta em redução significativa do risco de progressão da doença e da mortalidade.
Relatou-se redução da sensibilidade in vitro à Lamivudina em vírus isolados de pacientes que receberam terapia com Lamivudina . Além disso, estudos clínicos revelaram evidências de que Lamivudina mais zidovudina retardam o aparecimento de vírus isolados resistentes à zidovudina em indivíduos que não receberam terapia antirretroviral prévia.
A Lamivudina tem sido amplamente usada como um dos componentes da terapia antirretroviral combinada a outros agentes da mesma classe (inibidores da transcriptase reversa análogos de nucleosídeos) ou de classes diferentes (inibidores da protease e inibidores da transcriptase reversa não-análogos de nucleosídeos).
Evidências de estudos clínicos de pacientes pediátricos recebendo Lamivudina com outros fármacos antirretrovirais (abacavir, nevirapina/efavirenz ou zidovudina) demonstraram que o perfil de resistência observado em pacientes pediátricos é similar ao observado em adultos, com relação às substituições genotípicas detectadas e a frequência relativa destas.
Crianças recebendo Lamivudina solução oral em combinação a outros antirretrovirais em solução oral desenvolveram resistência viral com maior frequência que as crianças recebendo comprimidos. (ver Estudos Clínicos e Propriedades Farmacocinéticas, abaixo).
Terapias antirretrovirais múltiplas que contêm Lamivudina têm demonstrado efetividade tanto em pacientes que nunca receberam terapia antirretroviral como naqueles que apresentam o vírus com mutações do M184V. A relação entre a suscetibilidade do HIV in vitro à Lamivudina e a resposta clínica à terapia ainda está em fase de investigação.
Diretrizes reconhecidas internacionalmente (Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, junho de 1998) recomendam que uma combinação de zidovudina e Lamivudina seja administrada rapidamente (preferencialmente em até duas horas) após exposição acidental a sangue infectado por HIV (por exemplo, perfuração com agulha). Em casos de maior risco de infecção, deve ser incluído nesse tratamento um inibidor da protease. É recomendável que a profilaxia antirretroviral seja mantida por quatro semanas. Nenhum estudo clínico controlado foi realizado em outros casos de profilaxia após exposição, e dados que apoiem essa indicação são limitados. A soroconversão pode ocorrer, apesar do tratamento imediato com agentes antirretrovirais.
A Lamivudina é bem absorvida no nível gastrintestinal, e a biodisponibilidade da droga por via oral em adultos situa-se normalmente entre 80% e 85%. Após administração oral, o tempo médio (t máx ) para atingir a concentração sérica máxima (C máx ) é de cerca de uma hora. Em doses terapêuticas, isto é, 4 mg/kg/dia (em duas doses, com intervalo de 12 horas), a C máx é da ordem de 1-1,9 µg/mL. Não é necessário nenhum ajuste da dose quando a Lamivudina é administrada junto com alimentos, visto não haver alteração da sua biodisponibilidade (baseada na AUC), mesmo tendo sido observados atraso do T máx e redução da C máx (redução de até 47%). Não é esperado que a administração dos comprimidos macerados, misturados com líquidos ou com uma pequena porção de comida semissólida (pastosa), tenha impacto na qualidade farmacêutica de Lamivudina . Portanto, não é esperada nenhuma alteração no efeito clínico. Essa conclusão é baseada nas características físico-químicas e farmacocinéticas da substância ativa e no comportamento da dissolução in vitro dos comprimidos de Lamivudina em água, assumindo-se que o paciente macere e transfira 100% do comprimido (ou da metade do comprimido, conforme a dose recomendada) e engula imediatamente.
A administração de dois comprimidos de 150 mg é bioequivalente a de um comprimido de 300 mg em relação à AUC∞, C máx e T máx . Em adultos, a administração de comprimidos é bioequivalente à de solução oral em relação à AUC∞ e C máx . Foram observadas diferenças na absorção entre populações de adultos e populações pediátricas.
Com base em estudos com o medicamento por via intravenosa, constatou-se que o volume médio de distribuição é de 1,3 L/kg, e a meiavida terminal média de eliminação, de cinco a sete horas. A Lamivudina exibe farmacocinética linear na faixa de doses terapêuticas e caracteriza-se por sua baixa ligação à principal proteína plasmática, a albumina. Dados limitados demonstraram que a Lamivudina penetra no sistema nervoso central e atinge o líquido cefalorraquidiano (LCR). A relação média entre a concentração de Lamivudina no LCR e no soro, dentro de duas a quatro horas após a administração oral, foi de cerca de 0,12. O verdadeiro grau de penetração e a relação com qualquer eficácia clínica são desconhecidos.
O clearance sistêmico médio da Lamivudina é de aproximadamente 0,32 L/h/kg, com clearance predominantemente renal (> 70%) através de secreção tubular ativa (sistema de transporte catiônico orgânico), porém com pouco metabolismo hepático (< 10%). A molécula ativa, 5’-trifosfato de Lamivudina intracelular, possui meia-vida prolongada na célula (16 a 19 horas), em comparação à meiavida da Lamivudina plasmática (cinco a sete horas). Em 60 voluntários adultos sadios, Lamivudina 300 mg administrado uma vez ao dia demonstrou ser farmacocineticamente equivalente, no estado de equilíbrio, a Lamivudina 150 mg administrado duas vezes ao dia, em relação à AUC24 e à C máx do trifosfato intracelular.
A probabilidade de interação medicamentosa adversa entre a Lamivudina e outros medicamentos é baixa, devido ao seu metabolismo, à limitada ligação com as proteínas plasmáticas e à eliminação quase total da droga por via renal na sua forma inalterada.
A biodisponibilidade absoluta de Lamivudina (aproximadamente 58% a 66%) é reduzida e mais variável em crianças menores de 12 anos. Em crianças, a administração de Lamivudina em comprimidos coadministrada a outros antirretrovirais em comprimidos apresentou maior AUC∞ e C máx plasmática que a administração em solução oral coadministrada a outros antirretrovirais em solução oral. As crianças que receberam Lamivudina em solução oral, de acordo com a posologia recomendada, alcançaram uma exposição plasmática de Lamivudina com uma faixa de valores semelhante à observada em adultos. As crianças que receberam Lamivudina em comprimidos, de acordo com a posologia recomendada, alcançaram exposição plasmática de Lamivudina maior do que as crianças que receberam Lamivudina em solução oral. Isso porque são administradas doses maiores por mg/kg com Lamivudina em comprimidos e esta forma farmacêutica apresenta uma maior biodisponibilidade. Estudos farmacocinéticos em pacientes pediátricos com as apresentações em comprimidos e solução oral demonstraram que o esquema de dose única diária fornece AUC0-24 equivalente ao esquema de dose em duas vezes ao dia, da mesma dose diária total.
Existem dados farmacocinéticos limitados sobre pacientes com menos de 3 meses. Em neonatos com uma semana de vida, o clearance da Lamivudina oral é reduzido em comparação ao de pacientes pediátricos, provavelmente pela função renal imatura e absorção variável.
Portanto, para alcançar uma concentração similar à de adultos e crianças, a dose recomendada para neonatos é de 2 mg/kg, duas vezes ao dia. Não existem dados disponíveis em neonatos acima de uma semana de idade.
Não há dados farmacocinéticos em pacientes com mais de 65 anos de idade.
Em pacientes com insuficiência renal, a concentração plasmática da Lamivudina (área sob a curva – AUC) é aumentada devido à diminuição do clearance . A dosagem da Lamivudina deverá ser reduzida para os pacientes com clearance da creatinina < 50 mL/min.
Dados obtidos em pacientes com insuficiência hepática de moderada a grave demonstram que a farmacocinética da Lamivudina não é afetada de maneira significativa pela insuficiência hepática.
A farmacocinética da Lamivudina em grávidas é similar à de mulheres adultas não-grávidas. Em humanos, de acordo com a transmissão passiva da Lamivudina através da placenta, a concentração plasmática no recém-nascido é similar à da mãe e à do soro do cordão umbilical no parto.
Uma comparação randomizada de um regime incluindo doses de abacavir e Lamivudina administradas uma vez versus duas vezes ao dia foi realizada por um estudo multicêntrico, randomizado, controlado de pacientes pediátricos vivendo com HIV. Mil duzentos e seis pacientes pediátricos com idades entre 3 meses a 17 anos foram inscritos no estudo ARROW (COL105677) e a dose foi administrada de acordo com o peso - recomendações de faixa de dosagem nas diretrizes de tratamento da Organização Mundial da Saúde (Terapia antirretroviral da infecção por HIV em bebês e crianças, 2006). Após 36 semanas de um regime incluindo abacavir e Lamivudina duas vezes por dia, 669 pacientes elegíveis foram randomizados para continuar com a administração de duas vezes ao dia ou para alternar com abacavir e Lamivudina uma vez ao dia, durante pelo menos 96 semanas.
Resposta Virológica baseada no RNA do HIV-1 com menos de 80 cópias/mL na Semana 48 e Semana 96 com administração abacavir + Lamivudina uma vez ao dia ou duas vezes randomizados do ARROW (Estudo Observacional)
- | Duas vezes ao dia N (%) | Uma vez ao dia N (%) |
Semana 0 (após ≥ 36 Semanas de tratamento) | ||
RNA do HIV-1 < 80 cópias/mL | 250/331 (76) | 237/335 (71) |
Diferença do risco (uma vez ao dia - duas vezes ao dia) | 4.8% (95% IC -11,5% a +1,9%), p=0,16 | |
Semana 48 | ||
NA do HIV-1 < 80 cópias/mL | 242/331 (73) | 236/330 (72) |
Diferença do risco (uma vez ao dia - duas vezes ao dia) | -1,6% (95% IC -8,4% a +5,2%), p=0,65 | |
Semana 96 | ||
NA do HIV-1 < 80 cópias/mL | 234/326 (72) | 230/331 (69) |
Diferença do risco (uma vez ao dia - duas vezes ao dia) | -2,3% (95% IC -9,3% a +4,7%), p=0,52 |
O grupo com administração de abacavir/Lamivudina uma vez ao dia demonstrou ser não-inferior ao grupo de duas vezes ao dia, de acordo com a margem de não-inferioridade pré-especificada de -12%, para o objetivo primário de <80 cópias/mL na semana 48, bem como na semana 96 (objetivo secundário) e todos os outros limites testados (<200 cópias/mL, <400 cópias/mL, <1000 cópias/mL), os quais todos ficaram dentro dessa margem de não-inferioridade. As análises de subgrupos de testes para heterogeneidade da administração uma vez ao dia versus duas vezes ao dia não demonstraram efeito significativo do sexo, idade, ou carga viral na randomização. Conclusões suportaram a não-inferioridade, independentemente do método de análise.
No momento da randomização para esquema de dosagem uma vez ao dia vs duas vezes ao dia (Semana 0), os pacientes que receberam formulação em comprimidos tiveram uma supressão da taxa de carga viral maior que os que receberam alguma formulação em solução oral. Essas diferenças foram observadas em cada grupo de idade diferente estudado. As diferenças na taxa de supressão entre comprimidos e soluções permaneceram durante a Semana 96 com o esquema de dosagem de uma vez ao dia.
Proporção de indivíduos fazendo uso de abacavir + Lamivudina nos regimes uma vez ao dia vs duas vezes ao dia. Randomização do Estudo ARROW com RNA do HIV-1 plasmático < 80 cópias/mL. Análise dos subgrupos por formulação.
- | Duas vezes ao dia RNA do HIV-1 plasmático <80 c/mL: n/N (%) | Uma vez ao dia RNA do HIV-1 plasmático <80 c/mL: n/N (%) |
Semana 0 (após 36 semanas de tratamento) | ||
Qualquer regime em solução a qualquer tempo | 14/26 (54) | 15/30 (50) |
Todos os regimes com comprimidos durante todo o tratamento | 236/305 (77) | 222/305 (73) |
Semana 96 | ||
Qualquer regime em solução a qualquer tempo | 13/26 (50) | 17/30 (57) |
Todos os regimes com comprimidos durante todo o tratamento | 221/300 (74) | 213/301 (71) |
Análise da resistência genotípica foi realizada em amostras com RNA do HIV-1 plasmático > 1000 cópias/mL. Mais casos de resistência foram detectados entre os pacientes que receberam Lamivudina em solução oral em combinação a outros antirretrovirais em solução, comparado com aqueles que receberam doses similares em comprimidos. Isto é consistente com as menores taxas de supressão antiviral observada nesses pacientes.
Lami solução deve ser armazenado em sua embalagem original e em temperatura entre 15°C e 30ºC e protegido da luz.
O prazo de validade é de 18 meses a partir da data de fabricação impressa na embalagem.
Número de lote e datas de fabricação e validade: vide embalagem.
Não use medicamento com o prazo de validade vencido. Guarde-o em sua embalagem original.
Solução límpida, isenta de partículas, incolor a levemente amarelada, com odor característico e sabor adocicado.
Antes de usar, observe o aspecto do medicamento. Caso ele esteja no prazo de validade e você observe alguma mudança no aspecto, consulte o médico ou o farmacêutico para saber se poderá utilizá-lo.
Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianças.
Reg. MS Nº 1.0298.0245
Farmacêutico Responsável:
Dr. José Carlos Módolo
CRF-SP nº 10.446
Cristália – Produtos Químicos Farmacêuticos Ltda.
Rod. Itapira-Lindóia, km 14 - Itapira - SP
CNPJ: 44.734.671/0001-51